“Não sentia dor, não coçava, não incomodava, por isso eu achei que não era nada e não procurei logo o médico.” O relato é do professor universitário aposentado, Ary Torres, 87 anos de idade, sobre a mancha que tinha no rosto. Ele contou que os filhos, constantemente, alertavam sobre a necessidade de ir ao dermatologista. “Eu fui depois de muita insistência. Parecia uma picada de mosquito. O que eu achava que não era nada, na verdade, era um câncer, o carcinoma basocelular (CBC)”, explica Torres. Dias depois de receber o diagnóstico, ele foi operado.
Com a maioria da população é deste jeito. As pessoas ainda não se preocupam tanto com as pequenas lesões que aparecem pelo corpo, principalmente, se não houver dor. Quando deveria ser o contrário, porque câncer de pele também mata. “É um tumor que aparece a partir das células que formam a pele. Por conta dos diversos estímulos, sofrem alterações e começam a se multiplicar de forma desordenada. É o câncer mais frequente e representa 25% dos tumores malignos registrados no país”, explica a dermatologista Drª Darleny Costa Daher.
São três tipos: o carcinoma basocelular (CBC), que o professor Ary Torres teve, é um deles; existem também o carcinoma espinocelular (CEC) e o melanoma. “Este último é o mais perigoso. O melanoma é o mais agressivo de todos, pode evoluir com metástase e óbito. É o que apresenta o maior índice de mortes”, acrescenta a Drª Darleny.
E qual é o perfil dos pacientes? De acordo com a dermatologista, quem tem pele e olhos claros, como os ruivos e os loiros, tem mais chance de apresentar a lesão. A maioria dos casos ocorre em indivíduos com mais de 40 anos, sendo raro aparecer nas crianças. “Mas isso não significa que outras pessoas não possam ter. Qualquer indíviduo pode ser acometido e pode evoluir, em algum momento da vida, esse tipo de lesão”, explica.
As causas do câncer de pele são diversas. Entre elas, e por sinal a mais importante, é a exposição aos raios solares. Por isso, as campanhas reforçam sempre aquela velha recomendação de usar protetor solar, independentemente do tipo de pele, além de adotar proteções como chapéu ou boné. E quem gosta de se bronzear deve fazer isso no período de menos radiação, antes das 10 horas da manhã e após as 4 horas da tarde.
Quanto ao tratamento, a escolha é feita pelo especialista. Na maioria das vezes, a solução é a cirurgia, mas há outras opções como uso de quimioterápicos tópicos, crioterapia e a terapia fotodinâmica.
A dermatologista Drª Darleny Costa Daher faz o alerta que serve para todos: “É fundamental que as pessoas tenham o hábito de fazer o autoexame. Se vir qualquer sinal diferente no corpo, como uma mancha, é preciso procurar um médico. Quanto mais cedo se identifica a doença, mais fácil é para realizar o tratamento”, conclui.
O aposentado Ary, hoje, compartilha desta opinião. Ele, que não se preocupou, sabe como valeu ter descoberto o câncer ainda no início. “A pessoa tem que se olhar no espelho, tem que fazer disso uma rotina, porque o que parece pequeno e insignificante pode ser muito mais sério do que se pensa”, ressalta Torres.